A história que hoje conto, passa-se com uma pessoa que me é muito próxima. Falo de uma senhora de 80 anos, que vive numa aldeia, no meio do campo, e nunca foi muito longe dali. Esta senhora há cerca de quatro anos que tem de ir cerca de quatro vezes por ano a uma consulta de hematologia ao hospital de Santa Maria. Esta viagem a Lisboa era feita por um táxi, que era pago pela segurança social. O medico passava um papel, depois esse papel ia até ao Centro de Saúde para ser assinado pelo director. Enfim havia uma certa burocracia que agora não sei bem explicar, mas que funcionava. Entretanto, quando vieram estas novas medidas do governo, retiraram-lhe o táxi. Agora se ela quiser continuar as consulta ou tem de ir de autocarro ou tem de pagar ela o táxi. Mas nenhuma das hipóteses é viável, pois o valor do táxi é uma quantia bastante alta para a sua magra reforma, e andar de autocarro também é muito complicado para a sua idade, não só porque tem de fazer mudanças de autocarro, mas porque ela não sabe ler, porque ela anda com muito esforço e com uma bengala. O mais certo era perder-se.
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